A semana do oito de março não é uma data qualquer. É um tempo de reflexão sobre o ser mulher nos diferentes espaços que construímos. As discussões sobre a origem da data são controversas e envolvem desde um incêndio em uma indústria têxtil estadunidense onde morreram muitas mulheres até uma data onde se celebrava o papel das mulheres na revolução russa. Independente da origem dessa comemoração, a data marca um dia de resistência e de luta das mulheres pela conquista de direitos. Recebi o convite para refletir, em comemoração à essa data, o que é ser mulher no Centro de Promoção da Criança e do Adolescente (CPCA), a partir da visão de uma colaboradora desse espaço.
O CPCA é construído, diariamente, por muitas mulheres. Pelas usuárias atendidas no Serviço de Atendimento às Famílias; pelas mães, avós e tias das crianças atendidas no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e dos jovens atendidos no Centro da Juventude; e por diversas colaboradoras que atuam nos mais diferentes serviços e projetos. Assim, é preciso, antes de mais nada, entendermos que só é possível um sermos MULHERES nesse espaço. E que é exatamente da nossa pluralidade que nasce uma parte importância das nossas lutas. Lutamos por não sermos generalizadas e pelo fim de frases como “isso é coisa de mulher” ou “toda mulher é assim”.
Enquanto colaboradoras lutamos, ainda, para consolidar que a nossa atuação profissional em um espaço de acolhimento e atenção à população não é fruto de uma vocação feminina, consequência do papel de cuidado relegado historicamente para as mulheres. Somos profissionais que se dedicam a construção diária desse espaço a partir das nossas escolhas profissionais e éticas, entendendo o posicionamento político de nossa atuação. A potência do CPCA na formação de sujeitos de direitos passa, também, por refletirmos nossas diversas identidades, olhando tanto para as questões que nos singularizam quanto para as lutas que unem.
¹ Ver “As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres” de Ana Isabel Alvarez Gonzales.
Bruna Rossi Koerich